Há dias como o de hoje,
quando os antigos medos voltam a me visitar. Não mais me violentam, agridem,
pegam pelo pescoço e torturam até as lagrimas... Não, mudaram de tática, chegam
silenciosos, mansamente se instalam na janela, puxam conversa e no meio do nada
apenas dizem: eu falei que isso iria acontecer, não falei? Domingos ás quintas, Natais em novembro e ano
novo em Setembro... E meus olhos rebeldes se recusam a marejar!
Sim, eles me avisaram, mas
decidi resoluta arriscar a não ter direito de ver o sol escorrer mansamente na
tua companhia, abri mão de passear a céu aberto, sorrir despreocupada, chamar
teu nome no meio da noite, olhar a água matizada pelos reflexos da lua...
Algumas escolhas são leoninas:
não há escolha, pois qualquer que seja a opção feita o que se perde é muito e o
que explode dentro do peito é tão mais forte que arrebenta qualquer outra convicção,
qualquer outro sentir, mover, pensar...
Foi assim comigo. A qualquer
argumento contrário , meu coração, cansado de uma longa procura, só repetia,
parodiando o poeta:” Eu sei quem és pra mim. Haja, o que houver espero
por ti...” E assim, ainda agora, quando todos esses fantasmas
voltam, quando o sol desce no horizonte e desejo que estejas aqui, comigo;
quando percebo seu cheiro nos lençóis, na minha pele e por toda casa, como um
carimbo poderoso que desperta tantas saudades, que insufla a vontade de te ter
comigo, quando tantas e tantas imagens teimam em subir-me aos olhos na
afirmativa do quão absurda é esse sentir, toco um fado e repito lentamente:
Haja o que houver
Eu estou aqui
Haja o que houver
espero por ti
Eu estou aqui
Haja o que houver
espero por ti
( pois )
Eu sei quem és
pra mim
Haja, o que houver
espero por ti...
pra mim
Haja, o que houver
espero por ti...
Ó paixão
Nem a manhã
Apaga a luz que tem a chama do teu belo olhar
Nem a manhã
Apaga a luz que tem a chama do teu belo olhar
Neste
silêncio em que eu aprendi
A ficar bem junto a ti
Neste silêncio que descobri
A ficar bem junto a ti
Neste silêncio que descobri
Quando estou bem junto a ti
"Volta depressa, por favor... Há tanto tempo, já esqueci, porque fiquei longe de ti...Volta no vento, meu amor"
ResponderExcluirPerigo colocar nosso amor nas mãos alheias. Mas se não o fizer, como saber se será perigoso ou irá nos salvar?