terça-feira, 19 de junho de 2012

Devaneios

Sua lembrança me invade forte, presente como só você sabe ser. Seu rosto, seu cheiro, seu toque, sucedem-se ao meu redor e toda sua presença já paira no ar fazendo nascer uma saudade que arrebenta todas as comportas e me transporta a momentos, recordações queridas, contas de guardar lembranças que me ajudam a atravessar os dias, as horas em que não lhe vejo.
Olho as pessoas e a comparação é inevitável: nada, ninguém se parece com você... Não encontro seu porte, sua elegância, sua voz, seu cheiro, tudo único, tudo elaborado com exclusividade para compor  sua figura distinta, maravilhosamente magnífica que tanto e sempre encantou meus olhos e hoje encanta meu ser inteiro!
Num quase delírio, onde realidade e sonho se misturam numa mescla de saudade e desejo, de carinho e atração, num affair que envolve mais que pele, nervos e sensações, vou relembrando a delicia da entrega, o suave e irresistível arrebatamento que é estar entre as portas seguras dos seus braços, abraços de ternura impar, a convocar-me para a vida que corre célere nos portões lá fora...
Aqui dentro, tudo é silencio e paz e o tempo pára para contemplar sua beleza, pára para admirar-se de minha admiração diante da magnitude da sua presença que preenche, de uma só vez, todos os espaços físicos e emocionais ao nosso redor.
Tudo cala, tudo pára, tudo se verga ao seu comando suave e firme, ao seu carinho experiente, ao seu corpo eloqüente no toque que jamais admite silencio como resposta. Todo o meu ser, a uma só voz, deseja sentir você: então, são meus ouvidos que clamam por sua voz e minha pela se arrepia prevendo seu toque, meu coração dispara antevendo seu gosto, sentindo seu cheiro, lembrando das formas perfeitas que se encaixam com desenvoltura e sensibilidade fazendo de mim um inteiro e não mais metade.
Cavalo e cavaleiro tornam-se uma só peça, um só corpo a deslizar em sincronia perfeita pela pista que leva ao prazer. As imagens desfilam vertiginosas: entregar o comando é um prazer inenarrável, uma aventura inimaginável para quem sempre manteve o manche entre as mãos.
Deslizo como um pequeno barco conduzido por navegador experiente e me sinto inteira nessa entrega suave, pequena e protegida, criança que olha a paisagem admirada de tantas novidades.
Onde você esteve durante todo esse tempo?
Porque não me veio acordar antes desse sono profundo? Enquanto eu dormia, a vida corria, a paisagem mudava e eu, cinderela da vida real, adormecida esperava quem me trouxesse a vida, sem jamais acreditar que isso seria possível a alguém!